Vitória de Lenin Moreno<br>no Equador

ELEIÇÕES Lenin Mo­reno ga­nhou a se­gunda volta das pre­si­den­ciais, este do­mingo, 2, no Equador, por 51.12 por cento dos votos. O seu opo­sitor, o ban­queiro Guil­lermo Lasso, não re­co­nhece a der­rota e exige re­con­tagem dos votos.

Mo­reno instou todas as forças po­lí­ticas a par­ti­cipar no diá­logo

Mi­lhares de pes­soas ce­le­braram a vi­tória de Lenin Mo­reno nas ruas da ca­pital, Quito, junto à sede do mo­vi­mento Ali­ança País, assim que foram di­vul­gados os re­sul­tados ofi­ciais pelo Con­selho Na­ci­onal Elei­toral, quando es­tavam apu­rados mais de 94 por cento dos votos. Mo­reno, acom­pa­nhado pelo ac­tual pre­si­dente Ra­fael Correa, agra­deceu a con­fi­ança do elei­to­rado e instou todas as forças po­lí­ticas e so­ciais a par­ti­cipar no diá­logo na­ci­onal. «É o mo­mento da paz, o mo­mento da união (…). Todos terão uma nova opor­tu­ni­dade, ape­la­remos ao diá­logo e à har­monia. A mão está es­ten­dida», afirmou, ci­tado pela agência Andes. O pre­si­dente eleito, nas suas pri­meiras de­cla­ra­ções, ga­rantiu ainda que vai co­meçar de ime­diato a tra­ba­lhar na for­mação do seu go­verno, tendo como ob­jec­tivo pros­se­guir a luta contra a po­breza, au­mentar os sis­temas de pro­tecção so­cial e es­ta­be­lecer um pacto a favor da pro­dução, do in­ves­ti­mento e do em­prego.

Também o vice-pre­si­dente eleito, Jorge Glas, agra­deceu a con­fi­ança dos elei­tores, su­bli­nhando que os pró­ximos quatro anos de tra­balho em prol dos equa­to­ri­anos pros­se­guirá «no ca­minho já en­ce­tado pelo pre­si­dente Correa». Tanto Mo­reno como Glas, que tomam posse a 24 de Maio, con­si­deram que a tran­sição se fará sem pro­blemas já que o seu pro­grama as­senta na mesma po­lí­tica pro­mo­vida pelo pre­si­dente ces­sante.

O pro­cesso de­no­mi­nado de «Re­vo­lução Ci­dadã», ini­ciado por Rafel Correa em 2007, ca­rac­te­riza-se por uma po­lí­tica de forte con­teúdo so­cial e apoio do de­sen­vol­vi­mento pro­du­tivo, em par­ti­cular das fa­mí­lias mais ca­ren­ci­adas do país, que nos úl­timos dez anos con­tri­buiu sig­ni­fi­ca­ti­va­mente para o pro­gresso e de­sen­vol­vi­mento do Equador, facto re­co­nhe­cido na­ci­onal e in­ter­na­ci­o­nal­mente.

Mo­reno, de 65 anos, é na­tural da Ama­zónia e foi vice-pre­si­dente do Equador entre 2007 e 20013. É in­ter­na­ci­o­nal­mente re­co­nhe­cido pelo seu em­pe­nha­mento na de­fesa dos di­reitos das pes­soas com de­fi­ci­ência, tendo sido no­meado para Prémio Nobel da Paz em 2012. Em 1998 foi ví­tima de um dis­paro à queima-roupa que o deixou pa­ra­plé­gico.

Dis­túr­bios em Quito

Um dia de­pois das elei­ções, um grupo de sim­pa­ti­zantes do par­tido Cri­ando Opor­tu­ni­dades (Creo), do der­ro­tado Guil­lermo Lasso, pro­vocou dis­túr­bios na ca­pital, Quito. Na noite de se­gunda-feira, junto às ins­ta­la­ções da Con­selho Na­ci­onal Elei­toral (CNE), ma­ni­fes­tantes de­ti­veram um ca­mião da Em­presa Pú­blica de Lim­peza e obri­garam o con­dutor a des­pejar na rua o lixo antes re­co­lhido, sob ameaça de in­den­diar o veí­culo. Ainda nessa noite, in­cen­di­aram pneus perto da CNE, for­çando ao corte do trân­sito.

O pre­si­dente da Câ­mara de Quito, Mau­ricio Rodas, apoi­ante de Lasso, foi for­çado a re­agir em co­mu­ni­cado re­pu­di­ando as ma­ni­fes­ta­ções vi­o­lentas que «al­teram a ordem pú­blica e atentam contra os bens da ci­dade e põem em pe­rigo os ci­da­dãos».

En­tre­tanto o ex-can­di­dato à vice-pre­si­dência pelo CREO, An­drés Páez, que con­vocou as ma­ni­fes­ta­ções e mantém o seu lema de «paz ou tumba», ga­rante que os seus apoi­antes con­ti­nu­arão nas ruas até ser atri­buída a vi­tória à co­li­gação de di­reita CREO-SUMA.

As elei­ções no Equador foram acom­pa­nhadas por 269 ob­ser­va­dores de di­versas or­ga­ni­za­ções in­ter­na­ci­o­nais, que nos seus re­la­tó­rios atestam que o es­cru­tínio de­correu com tran­qui­li­dade e trans­pa­rência.




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